Helio Dias Viana(*)
A segunda greve de fome de 24 dias a que se submeteu o bispo de Barra (BA), D. Luiz Cappio, no fim do ano passado, sugere algumas reflexões.
Em primeiro lugar, sua atitude é típica dos adeptos da Teologia da Libertação, que desviam as atribuições do religioso para o plano meramente humano e temporal, deduzindo daí toda uma Weltanschauung. Desvio muitíssimo mais perigoso que o do rio São Francisco, pelas conseqüências doutrinárias e morais de que se reveste.
Em segundo lugar, D. Cappio - que teve o cuidado de se apresentar sempre revestido do hábito franciscano - está se imiscuindo numa área que não lhe compete, ao invadir atribuições do poder temporal. Seria, em sentido oposto, o mesmo que um governo resolvesse opinar sobre o acerto
de um projeto para a construção de uma catedral.
Se, para a transposição do rio São Francisco, o governo devesse fazer expropriações pelas quais pagasse aos proprietários um preço injusto, aí sim, contra este aspecto, de ordem moral, o prelado poderia se opor, expondo o que a respeito ensina a doutrina católica. Contudo, esse aspecto moral parece nada dizer não só a D. Cappio, mas também à CNBB e a tantos outros bispos que dão incondicional apoio à Reforma Agrária socialista e confiscatória em curso no País,
atentatória do sagrado direito de propriedade, o qual é assegurado por dois Mandamentos da Lei de Deus: "Não roubarás" e "Não cobiçarás as coisas alheias".
Por fim, o pecado. Que um bispo da Santa Igreja faça uso de método condenado pela moral católica, qual seja o de se expor ao suicídio, constitui pecado contra o 5º. Mandamento da Lei de Deus: "Não matarás". Sem falar do pecado de escândalo.
A CNBB, que até certa altura apoiou D. Cappio, resolveu voltar atrás, possivelmente por pressão do Vaticano. Mais um triste episódio do processo de "autodemolição" da Igreja, a que se referiu Paulo VI.
(*) Hélio Dias Viana é colaborador da ABIM.
1 comentários:
Muito interessante artigo, senhor Hélio. Me dói tomar conhecimento de prelados que decidem desviar-se da Santa Doutrina da Igreja. Contudo, devo discordar que uma greve de fome de 28 dias possa induzir ao suicídio. E aqui eu gostaria de traçar algo paralelo, o jejum tão necessário para o crescimento espiritual e tão esquecido pelos católicos do nosso século.
Alguns anos atrás comprei um livro entitulado "Fasting and eating for health", de autoria de um médico americano chamado Dr. Joel Fuhrman. Ele explica como seu pai e como ele mesmo submeteram-se a um rigoroso jejum de 40 dias, sem ingestão de nenhum alimento sólido ou líquido exceto água pura. O médico explica a sua teoria, de como é importante jejuar, explorando tão somente o corpo físico sem mencionar uma só vez o nome de Jesus Cristo, apesar de provar através de sua tese a veracidade dos 40 dias de jejum absoluto ao qual submeteu-se o Nosso Senhor. Explica que o jejum não só detoxifica, mas também desintegra tecidos supérfluos, gordura, células anormais, placa de ateroma e tumores e descarrega tecidos doentios e seus produtos celulares na circulação para serem eliminados. Estamos entrando na quaresma e a ocasião é mais que propícia para alguém da Lepanto explorar a necessidade do jejum para o crescimento espiritual e compartilhar isso com os leitores. Deixo aqui o meu convite, pois o meu conhecimento do assunto é muito restrito. Afinal, a Maria Santíssima em suas aparições sempre enfatizou muito a necessidade de oração e de jejum. Enquanto torna-se moda jejuar para obter uma pele mais atrativa e para perder alguns quilos e melhorar a estética, enquanto se jejua para fins de greve de fome, nós cristãos estamos abandonando a importante e necessária tradição de jejuar para aguçar o espírito, arrepender-se dos pecados e aproximar-se mais do Nosso Senhor. Em Jesus e Maria, Geraldo, de Melburne
"Humanos podem viver com apenas um quarto daquilo que ingerem; dos outros três quartos vivem seus médicos." - Inscrição me pirâmide egípcia, 3.800 a.C.
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