Moral católica e combate à Aids

Nas últimas semanas, a mídia deu grande destaque a repercussões das palavras de Bento XVI, em seu livro-entrevista Luz do Mundo, sobre o uso de preservativos em determinadas circunstâncias.

Infanticídio indígena: a tragédia silenciada

Você sabia que, em várias tribos indígenas no Brasil, crianças recém-nascidas são enterradas vivas, estranguladas, ou simplesmente deixadas na mata para morrer?

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Kerenskismo obamista-lulista e Honduras: “eixo da moderação” a serviço do “eixo do mal”

Armando Valladares


Agência Destaque Internacional - O Palácio do Itamaraty, a chancelaria brasileira outrora reconhecida por sua habilidade, tato e inteligência, contribuindo para criar um inédito “governo paralelo” pró-chavista em sua embaixada em Tegucigalpa, empurrou o “moderado” presidente Lula no olho de um imprevisível furacão, o qual, diante de Deus e da História, o torna responsável direto pelo que possa acontecer em Honduras.

O Palácio do Itamarary, a chancelaria do “moderado” presidente do Brasil, Sr. Lula da Silva, ao autorizar o ingresso em sua embaixada em Tegucigalpa do deposto presidente pró-chavista Zelaya como “hóspede” e não como “exilado”, se evolveu nos assuntos internos de Honduras da maneira mais brutal e menos diplomática possível. Contribuiu dessa maneira para criar em Honduras um inédito “governo paralelo” pró-chavista, sob o amparo da extra-territorialidade.

Tal como advertem analistas brasileiros, a diplomacia do Itamaraty, outrora reconhecida por sua habilidade, tato e inteligência, acaba de empurrar Lula, talvez inadvertidamente, para o olho de um imprevisível furacão que pode afetar o perfil de “moderação”, “conciliação”, “diálogo” e “espírito democrático” que esteve esgrimindo nos últimos anos. E, sobretudo, o torna responsável direto, diante de Deus e da História, pelo que possa acontecer em Honduras.

De fato, intervindo dessa maneira nos assuntos internos de Honduras, a diplomacia do Itamaraty passa a assumir a culpa direta pelas conseqüências de sua decisão de usar sua embaixada para hospedar o presidente deposto e criar um “governo paralelo”; responsável, inclusive, por atos de violência e até de sangue que possam ocorrer.

O deposto presidente Zelaya dedicou-se a usar o recinto diplomático para discursar para seus seguidores, contribuindo para criar no país uma situação explosiva. O próprio presidente brasileiro, talvez percebendo de que maneira foi colocado no olho de um furacão por sua própria chancelaria, pediu a Zelaya, desde New York, onde assistiu à inauguração da Assembléia Geral da ONU, que moderasse sua linguagem. E também exigiu o respeito da extra-territorialidade de sua sede diplomática em Honduras, no mesmo momento em que o Itamaraty viola dessa maneira normas internacionais elementares.

Com maior ênfase ainda que a colocada para insistir sobre o levantamento do “embargo” ao regime comunista de Cuba, a chancelaria brasileira monta um historicamente inédito “embargo” contra o povo hondurenho que não deseja cair no abismo chavista. No momento em que escrevo estas linhas, o presidente Lula propôs uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, para tratar de uma delicada situação que sua própria diplomacia, tão pouco diplomaticamente, contribuiu decisivamente para criar. Falta somente que a representante do Brasil na ONU peça uma intervenção militar em Honduras.

Como advertiu desde as páginas do influente O Estado de São Paulo, o analista político brasileiro Roberto Lameirinhas, a volta de Zelaya, rodeado de um “show midiático”, na realidade vai “ampliar a fratura social hondurenha” e os que apostaram no retorno do deposto presidente “parecem apostar em uma popularidade que na realidade ele não tem”, assim como em uma suposta “disposição revolucionária” da população hondurenha que não existe.

Sem dúvida, a conta de perdas humanas, sociais e econômicas está sendo paga pelo povo hondurenho, sujeito a uma incompreensão internacional talvez inédita na História. Porém, a conta política, perante Deus e a História, no caso em que Honduras seja brutalmente arrastada ao abismo chavista, será o próprio governo brasileiro, seu atual presidente e sua diplomacia os que terão que pagá-la em boa medida.

Se hoje, na América do Norte, o kerenskismo favorecedor das esquerdas está representado pelo presidente Obama, tal como mostrei em recente artigo publicado por El Heraldo de Honduras, na América do Sul o kerenskismo talvez esteja encarnado prototipicamente no presidente Lula, do Brasil, a quem Obama, durante a Cúpula das Américas, qualificou como “o cara”.

Se Cuba comunista sobrevive até hoje, em boa medida isso se deve, talvez ainda mais que o apoio de Chávez, ao colossal sustento político, diplomático e econômico do kerenskismo lulista.

Se Chávez chegou até onde chegou, é porque em boa medida o kerenskismo lulista, sempre alegando moderação, espírito de diálogo e necessidade de contemporização, lhe deu sua anuência e o apoiou publicamente nos momentos de mais dificuldade interna, contribuindo para desmoralizar a oposição venezuelana.

Se os governos populistas-indigenistas da Bolívia e Equador estão efetuando os atuais atos de vandalismo, contribuindo para a auto-demolição social, política e moral de ambos os países, isso também se deve ao kerenskismo lulista que lhes proporcionou um respaldo decisivo em matéria política e econômica.

Se as pressões internacionais contra Honduras chegaram ao ponto a que chegaram, isso se deve às articulações do neo-imperialismo kerenskiano lulista que, por trás dos bastidores, e até na frente deles, sem o menor pudor, dedicou-se a pressionar o governo norte-americano para asfixiar essa pequena grande nação que os partidários da liberdade no mundo inteiro qualificam justamente como um pequeno grande Davi do século XXI.

O “moderado” presidente brasileiro integra junto com o presidente Obama um “eixo da moderação” que objetivamente, e independentemente das intenções de seus protagonistas, está a serviço do “eixo do mal” chavista e permite, com seu espírito concessivo, que o “eixo do mal” avance.

Há quase 7 anos, em 8 de outubro de 2002, no conhecido programa televisivo do jornalista Boris Casoy, o então candidato presidencial Lula da Silva me chamou de “picareta de Miami”, porque eu havia contribuído a denunciar em uma série de artigos, de uma maneira documentada e invariavelmente respeitosa, o vergonhoso apoio de Lula a Cuba comunista e sua política em favor do “eixo do mal” latino-americano. Na ocasião, na falta de argumentos, Lula respondeu com uma brusca mudança de tom.

A política externa do Itamaraty, durante os dois períodos do presidente Lula à frente do governo do Brasil, foi confirmando essas apreensões. Hoje, com a precipitação da aventura hondurenha, a diplomacia brasileira não fez senão confirmar essas apreensões.

É hora de proclamar as verdades que doem aos Golias contemporâneos, em voz alta, claramente, argumentando e dando provas irrefutáveis, tudo isso feito de uma maneira invariavelmente educada e respeitosa. Usei palavras sem dúvida alguma fortes, porém penso que elas são proporcionais à gravidade da situação, e foram sempre respeitosas.

Em declarações recentes ao Washington Post, o embaixador Jeffrey Davidow, alto assessor do presidente Obama, reconheceu que na América Latina de hoje um perigo maior que o militarismo é o populismo do tipo chavista. O embaixador Davidow disse uma meia-verdade. De fato, sob vários pontos de vista o maior perigo é o “kerenskismo”, que prepara o caminho para o populismo, o indigenismo e outros “ismos” pós-modernos que estão tomando o lugar do comunismo clássico.

A heróica resistência do povo hondurenho negando-se a pôr o “uniforme” zalaysta-chavista, apesar das brutais pressões de dirigentes internacionais, me lembra a epopéia de um punhado de presos-políticos cubanos que, em que pese os brutais golpes e torturas, negou-se durante anos a se vestir com o “uniforme” de presos comuns. O tirano Castro não pôde dobrá-los e passaram para a História como os “presos resistentes”.

Que a Divina Providência proteja Honduras “resistente”, que se recusa a pôr o “uniforme” chavista e continue lhe dando forças e inspiração para resistir, da mesma maneira como Davi resistiu e se defendeu contra Golias.

*Armando Valladares, ex-preso-político cubano “resistente”, foi embaixador dos Estados Unidos na Comissão de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, durante as administrações Reagan e Bush. Acaba de receber em Roma um importante prêmio de jornalismo por seus artigos em favor da liberdade em Cuba e no mundo inteiro.

Tradução: Graça Salgueiro

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Pais franceses dispensam a escola e educam os filhos em casa

Martine Laronche
Tradução: Eloise De Vylder

LE MONDE: Quinta-feira, 3 de setembro, os três filhos de Axelle Rousse não pegaram o caminho para a escola. Eles não arrumaram a mochila, nem estão inquietos para saber se sua professora será simpática ou severa. Eles ficaram em casa, no vilarejo de Crésangignes (Aube), a cerca de vinte quilômetros de Toryes. Eles fazem parte dos cerca de três mil estudantes franceses de 6 a 16 anos cujos pais optaram pela educação em casa.

Instalados num pequeno escritório adjacente à sala de estar, Solveig, 10 anos, Eulalie, 8 anos, e Adriel, 5 anos e meio, concentravam-se nos exercícios preparados na véspera por sua mãe. "Tento acordá-los em torno das 8h para que eles comecem a trabalhar às 9h", explica a senhora Rousse. Tranquila, ela responde às perguntas dos filhos maiores, enquanto ajuda Viera, a pequena caçula de quase dois anos, a colocar miçangas num fio.

Licenciada em musicologia, a jovem mulher, que dava aulas de iniciação musical, parou de trabalhar com o nascimento de sua filha mais velha. Em 2006, ela resolveu virar professora. "Depois de seu primeiro ano de curso preparatório [alfabetização], Solveig não era mais a mesma", diz ela. "Ela havia perdido a alegria. Na classe, ela quebrava os lápis e borrachas. A professora era simpática, mas a escola não soube responder à sua curiosidade, sua necessidade de imaginação e de calma."

Quando Axelle considerou a possibilidade de tirar sua filha da escola, seu marido, professor de uma escola técnica, foi a princípio reticente. "É difícil sair do esquema", reconheceu. "É preciso assumir a reação e o olhar dos outros. Mas não me recordo de ninguém que tenha visto mal."

Hoje, para Solveig, a escola não passa de uma lembrança ruim. "A mamãe, ela explica muitas vezes quando eu não entendo, e ela nos dá atividades que parecem brincadeiras", diz ela. "Na escola, tinha muito barulho". Este ano, sua mãe inovou com um método americano que descobriu num fórum de discussões. Cada criança dispõe de dez gavetas numeradas e, dentro de cada uma delas, uma atividade que não ultrapassa vinte minutos.

O dia de aula dura em média três horas e acaba ao meio-dia. Se as crianças param antes, retomam no começo da tarde. Todas as noites, Axele preenche as trinta gavetas. "Tento levar em conta os gostos deles, sabendo que eles não podem ter somente atividades que lhes deem prazer."

Sortudo, Adriel acaba de encontrar na gaveta número três um modelo de Lego para reproduzir. Solveig escreve uma carta para sua colega canadense, enquanto Eulalie preenche seu caderno de inglês. Para facilitar seu trabalho de preparação, Axelle escolheu um "pacote família" num site de apoio escolar online que dá a ela acesso aos cursos de todas as matérias, do ensino fundamental ao colegial. A cada quinze dias, ela vai ao Centro de Documentação Pedagógica de Troyers, "uma mina de ouro".

Ao contrário da ideia corrente, não foi a escola, mas sim a instrução que Jules Ferry [ministro da Educação da França] tornou obrigatória em 1882. Para ensinar em casa, é suficiente, à cada início de ano escolar, fazer uma declaração ao prefeito da cidade e ao inspetor de ensino. O fenômeno ainda é marginal, mas tende a crescer. Segundo o ministério nacional da Educação, 3.240 crianças de 6 a 16 anos foram instruídas em casa por escolha de suas famílias em 2007-2008, um aumento de várias centenas de alunos em relação ao estudo precedente, conduzido em 2000-2001. Entre esses alunos, 1.380 trabalhavam com a ajuda de um órgão de educação à distância, público como o CNED [Centro Nacional de Ensino à Distância], ou privado, e 1.860 sem ajuda.

Esses números não levam em conta cerca de 10 mil crianças que são escolarizadas em casa por motivos médicos, deficiências, distância geográfica ou cujos pais são itinerantes, e que se beneficiam gratuitamente do CNED.

Quem são esses pais que fazem a escolha de ensinar seus próprios filhos? "Famílias com concepções muito pessoais da educação, ou nas quais as crianças sofrem de problemas como fobias escolares, ou ainda pais cuja profissão não se ajusta aos horários da escola", indica Gérard Duty, inspetor escolar encarregado da educação primária em Paris.

Elisabeth Walter, que escreve uma tese sobre o assunto, distingue dois tipos de famílias: "Aquelas que nunca colocaram seus filhos na escola, e aquelas que decidiram tirá-los dela". Para as primeiras, trata-se de uma escolha geral de vida. As mães são mais adeptas da maternidade. Elas favorecem o contato com seus filhos, carregando os bebês em lenços ao redor do corpo, estendendo o aleitamento e dormindo ao lado dos bebês. Já as segundas, tiram seus filhos da escola porque não dá certo, a criança sofre.

"Com frequência, as famílias que praticam a instrução em casa vêm de meios favorecidos culturalmente, mas não necessariamente socialmente. Existem desempregados que fazem a escola em casa", acrescenta Elisabeth Walter, também fundadora da associação Libres d'apprendre et d'instruire autrement (LAIA) [algo como Livres para Aprender e Instruir de Outra Forma].

Marie, mãe de Adrien, 9 anos (os nomes foram mudados), tirou seu filho da escola durante a 1ª série depois de uma alfabetização já muito difícil. "Ele tinha pesadelos à noite, tinha medo de esquecer coisas em sua mochila", lembra-se. No ano seguinte, ele gritava e segurava na mesa da cozinha para não ir à escola. Hoje, Marie é muito crítica. "As crianças não vão para a escola pelo prazer de aprender, elas vão pelos amigos. Sem seus colegas de classe, elas se recusariam a ir". O pai de Adrien, do qual ela é separada, era contra a escolarização em casa. Ele finalmente aceitou, com a condição que o menino fosse matriculado num curso por correspondência.

"A escola acaba sendo um pouco violenta. Se não nos defendemos, seremos a ovelha negra", considera Adrien, muito à vontade. "E depois, na escola, temos uma professora para trinta crianças. Levamos um dia inteiro para fazer o que fazemos em duas ou três horas em casa. Eu posso ir ao museu, sair depois do almoço". Ele não sente falta dos colegas? "Tenho novos amigos, bem mais simpáticos, menos violentos, mais calmos."

E como fica a socialização? Claudia Renau, professora de geografia e mãe de três meninas de nove, sete e quatro anos, foi reticente à ideia de transformar sua casa em escola. Foi seu marido que a convenceu. "Eu não me via privando minhas filhas da socialização de um grande grupo que permite, através dos jogos coletivos, que a criança se adapte a regras de vida que elas não necessariamente escolheram". Ela superou a dificuldade organizando saídas e múltiplas atividades dirigidas a crianças que não vão à escola: oficinas de circo, trabalhos manuais, visitas a museus, jogos ao ar livre... "Se os pais deem atenção para que os filhos tenham uma vida social com outros referenciais adultos, não há nenhuma outra razão para que eles desenvolvam nenhuma patologia", assegura Nicole Catheline, psiquiatra. "Podemos socializar fora da escola, com a família, os primos, ou através de atividades esportivas e culturais."

Na casa de Claudia Renau, as meninas aprendem de acordo com sua vontade e sua curiosidade. "Não estamos numa corrida com vistas para o vestibular", explica ela. "Mas não excluímos a possibilidade de matriculá-las no CNED a partir do segundo grau ou que elas reintegrem um estabelecimento escolar nesse estágio".

Quais estudos, quais carreiras escolhem as crianças escolarizadas em casa? Océane, 16 anos, está na faculdade de Biologia depois de ter passado o bachalerado S [exame equivalente ao Enem] como candidata livre. Por outro lado, seu irmão Hugo, 18 anos, fracassou no exame. Ele fará novamente no ano que vem e pensa em entrar numa escola de desenho. "Nós sabemos por que", explica a mãe, Valérie Vincent, jornalista por formação. "Ela adotou uma liberdade de tom que não agradou, enquanto sua irmã havia revisto os exames anteriores."

Uma enquete, feita por iniciativa da associação pela liberdade de instrução Les Enfants d'Abord, detalha o percurso de cerca de vinte jovens entre 18 e 26 anos. Alguns não têm nenhum diploma e exercem profissões artísticas, cerca de um quarto fez estudos superiores, com mais frequência a universidade. Outros buscaram formações de webmaster, marceneiro, mecânico, agricultor...

Temendo desvios sectários e maus tratos, preocupado em unificar o ensino, o Estado, há dez anos, reforçou o controle das crianças instruídas em família, para a grande irritação dos pais. A lei de 18 de dezembro de 1998 dá prioridade à escola e as crianças são alvo de uma enquete social a cada dois anos e de um controle anual dos conhecimentos por um inspetor nacional de educação. Muito poucas crianças são obrigação a voltarem para a escola. "Somente 45 crianças tiveram que reintegrar uma escola depois dos controles efetuados durante o ano escolar 2007-2008", assegura o ministério da Educação.

Em 5 de março, um decreto impôs que as crianças instruídas em casa deveriam dominar, ao final da escolaridade, a base comum de conhecimentos e de competências previstas pela lei sobre a escola de abril de 2005. "A instrução em família é considerada uma sub-escolha" lamenta-se Valérie Vincent. "Nós não temos mais uma liberdade real para ensinar". O ministério da Educação se defende: "O que os inspetores escolares precisam controlar é o progresso da criança em relação à escolha pedagógica da família."

(Fonte: http://noticias.uol.com.br/)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Criacionismo versus Evolucionismo - Entrevista concedida pela Lepanto

Entrevista que a Frente Universitária e Estudantil Lepanto concedeu à repórter Tatiana Sabadini do Correio Brasiliense, em junho deste ano, para auxiliar em sua matéria sobre o tema Criacionismo versus Evolucionismo. Segue abaixo nossas respostas para conhecimento dos leitores.

Para ler a matéria publicada pela repórter, acesse:
https://www.correioweb.com.br/

OBS: Não há, no artigo publicado, nenhum dos nossos argumentos.

Tatiana Sabadini: A discussão entre criacionismo e evolucionismo é antiga. Por que para a sociedade científica é tão difícil aceitar as idéias criacionistas?

Lepanto: Trata-se de um preconceito. Com o avanço da ciência, sobretudo na área da biologia, bioquímica, da genética, e diversas outras, inúmeros são os cientistas, das mais famosas universidades do mundo, que já não aceitam o darwinismo, ou pelo menos muitos de seus pressupostos. É claro. Darwin não conhecia o DNA; ele não conhecia muitas das organelas celulares que hoje até uma criança pode ter acesso.

Mas não é só isso. Como que por definição, o darwinismo não pode ser considerado científico. Por quê? Porque ele não parte da observação da realidade para depois chegar a uma conclusão. A raiz do evolucionismo está em uma elucubração que sustenta que a partir de pequenas alterações (mutações) passamos da "não-vida" para a "vida inteligente" e que o princípio primordial dessas mudanças é a sobrevivência do mais forte. Isso através de sucessivas etapas que nunca foram cientificamente demonstradas.

Muitos são os cientistas que, querendo aprofundar o evolucionismo, acabaram por mudar de posição. É o caso, por exemplo, do Professor Michael Behe phD, da Universidade de Lehigh. Estudando a bioquímica, ele percebeu que a teoria da Seleção Natural, base do darwinismo, ia contra as novas descobertas da bioquímica. Isto é, partindo de dados da ciência, ele chegou à conclusão que só uma Inteligência poderia ter desenhado a maioria das estruturas vivas do planeta.

Tatiana Sabadini: A teoria da evolução descrita por Darwin é realmente possível? Ela pode ser complementada pela teoria da criação?

Lepanto: É fato que existe um certo tipo de evolução dentro de uma mesma espécie. Mas Darwin não conseguiu demonstrar a evolução de uma espécie que dê origem a outra espécie. O elo até hoje está perdido... A teoria da evolução é, como o nome indica, apenas teoria.

A teoria de Darwin é muito restrita, basta uma só falha no sistema para todo seu edifício desmoronar como um castelo de cartas. O próprio Darwin assim o admitiu, quando disse no seu livro A Origem das Espécies: "Se se pudesse demonstrar que existe algum órgão complexo que não tenha sido possivelmente formado por modificações numerosas, sucessivas e pequenas, minha teoria simplesmente cairia por terra". É o que tem provado largamente a corrente de cientistas do "Intelligent Design" (Desenho Inteligente).

Esses cientistas têm demonstrado que inúmeros órgãos vitais, organelas das células, funções tais como a visão, etc., de nenhum modo poderiam ter sido formadas por modificações "numerosas, sucessivas e pequenas". (cfr. A caixa preta de Darwin, Michael Behe, Nova York, Free Press, 2006)

Também no que diz respeito às mutações, os dados científicos atuais são cada vez mais claros de que elas são nocivas aos organismos.

Ao contrário do evolucionismo que parte da "não-vida" (do vazio, por assim dizer), o Criacionismo sustenta que é preciso que um Ser superior tenha criado cada espécie. Seria absurdo, do ponto de vista racional, sustentar que um ser inferior pudesse gerar outro ser de uma espécie superior e mais complexa. Isso, que está no fundamento do evolucionismo, é racionalmente absurdo e nunca foi demonstrado cientificamente.

Tatiana Sabadini: Você acredita que seja possível misturar as crenças religiosas nas pesquisas científicas sobre a criação do mundo?

Lepanto: A Fé e a Razão não devem ser vistas como excludentes ou contraditórias, mas sim como complementares. A ciência moderna se baseia no empirismo, na capacidade de medir, experimentar, quantificar dados. Mas a ciência, entendida em seu sentido mais amplo, não se restringe a isso, tanto que hoje temos as "ciências humanas" em todas as universidades, onde o caráter científico é derivado de um método e não necessariamente de uma experiência.

No que diz respeito à religião, é preciso distinguir. Existem "crendices" que acabam se tornando religiões supersticiosas, onde a ciência não tem lugar. Mas, no que diz respeito à religião católica, isso não se aplica. A fé não deriva de um sentimentalismo superficial, mas de uma convicção profunda, onde a razão e a ciência também estão presentes. A Fé, a razão e a ciência devem andar juntos.

Por exemplo: se a Ciência prova que tem que haver um Ser Inteligente que tenha criado tudo, é a Religião que tem os meios de dizer quem é esse Ser. É o que a Igreja Católica faz: ela usa dados da razão, da lógica e da Revelação e afirma: esse Ser é Deus. E depois continua seu estudo, e mostra quais as características de Deus. Não é crendice: é lógica, razão, estudo e convicção.

Ao contrário do Criacionismo, que não exclui a filosofia, a metafísica, a lógica e a ciência; e, com esses instrumentos do conhecimento humano pode chegar a noções muito mais profundas sobre a origem da vida, o evolucionismo, por se pretender "científico" (isto é, experimental) acaba esbarrando em um problema que é também um paradoxo, já que não há como recriar a "experiência" primeira por onde se teria iniciado a vida. O evolucionismo acaba padecendo do problema que vê no Criacionismo e se tornando uma espécie de religião, onde a "fé" é anterior à comprovação dos fatos.

Divulgue

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